burburinho

monteiro lobato - parte 1

livros por Gian Danton

Literatura , antes de tudo, um veculo de idias. Monteiro Lobato uma prova disso. Tudo que ele escreveu foi na defesa de seus ideais. Primeiro mostrar ao Brasil o que realmente era o interior. Antes dele a imagem que se tinha do sertanejo era de um indivduo bonito, alto, forte, galante. O homem do campo era tudo isso? Qual nada! O Jeca era pobre e doente, cheio de vermes. Um sujeito que no ganhava nimo e passava o dia inteiro acocorado sobre os joelhos, pitando o inevitvel cigarro de palha.

Depois foi o petrleo. Mesmo contra todos, Lobato insistia que o Brasil tinha petrleo. Escreveu artigos em jornais e at um livro desmascarando a campanha das companhias americanas para impedir que o Brasil descobrisse o seu petrleo.

Por ltimo, cansado das gentes grandes, Lobato voltou-se para as crianas. Seus livros infantis no eram s divertidos. Eles partiam da idia de que as crianas no podem ser tratadas como bobalhonas. Seus livros falavam de todos os assuntos, de filosofia a petrleo. Antes dele todas as histrias infantis terminavam com a inevitvel lio de moral, que explicava a histria, como se as crianas fossem incapazes de a entenderem sozinhas. Lobato encorajava os pequenos a pensarem por si mesmos e dava um breca na lio de moral. "O mundo dos espertos", dizia.

Atualmente ele lembrado quase que exclusivamente como um escritor de livros infantis. O que uma pena. Lobato famoso, mas pouco conhecido. Esperamos dar uma viso mais ampla de quem foi essa importante figura.

O Minarete

Jos Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubat, SP, no dia 18 de abril de 1882. Alguns anos depois modificou seu nome para Jos Bento, pois desejava usar uma bengala que fora do pai e que estava marcada com as iniciais J.B.M.L.. Tinha duas irms, Judite e Ester, e brincava com brinquedos rsticos, feitos de sabugo de milho, chuchus e mamo verde.

Esses primeiros anos influenciaram em muito a sua produo infantil. A Taubat daqueles tempos certamente tinha um pouco do que viria a ser o Stio do Pica-Pau Amarelo.

Desde pequeno Lobato adorava livros. Devorou toda a biblioteca do av paterno, o Visconde de Trememb. Leu tudo que havia para crianas na poca - o que no era muito. Ainda no surgira um Monteiro Lobato para escrever livros que as crianas realmente apreciassem.

Os principais traos da personalidade do escritor j se delineavam na poca. Extremamente sincero, Lobato falava o que queria, abusando da ironia e do cinismo.

Aos 15 anos perde o pai, aos 16 a me.

Nessa poca ele estudava num colgio em So Paulo, onde fundou vrios jornais, usando pseudnimos. Lobato queria ser escritor, ou pintor. Por ele, cursaria a escola de Belas Artes. Mas o av queria v-lo advogado, ou juiz. Assim, no ano de 1900, com 18 anos, o jovem escritor entra para a Faculdade de Direito de So Paulo. L ele faz amizade com vrias outras pessoas que adoram literatura, entre elas Godofredo Rangel e o poeta Ricardo Gonalves. Fundam o grupo literrio O Minarete. Minarete era a repblica onde eles moravam, um chal amarelo chamado assim em homenagem s mesquitas maometanas. Todos eram bomios e rebeldes.

Em 1904 Lobato forma-se em direito e volta para Taubat. Continuaria a ter contatos com os amigos, em especial com Godofredo Rangel, com o qual se corresponderia at o fim da vida. Todas essas cartas foram reunidas em dois livros, chamados A Barca de Gleyre.

Monteiro Lobato escrevia cartas como ningum. Durante toda a sua vida, ele jamais deixou de responder as cartas dos amigos, fs e, principalmente, crianas. Algumas dessas cartas foram reunidas em livros, Cartas Escolhidas e Cartas de Amor, este ltimo com as missivas que mandava para sua esposa, Purezinha, ainda na poca do namoro.


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