burburinho

da crnica ao metajornalismo

internet por Nemo Nox

Alguns dos maiores jornais do Brasil j comearam a publicar colunas especficas sobre weblogs. O que antes era mera curiosidade e recebia tratamento de moda passageira agora comea a ser encarado com seriedade pela grande mdia. E j so muitos os jornalistas que tambm comearam seus prprios weblogs. No meio desta efervescncia, fica a pergunta: weblog jornalismo?

O problema em abordar essa questo de forma global a enorme diversidade de modelos adotada pelos blogueiros. Temos de narrativas romnticas a desabafos profissionais, de mini-contos a relatos de viagem, de comentrios do dia-a-dia a ensaios de marketing, a lista infindvel. Dentro desse caleidoscpio temtico, somos tentados a comparar os weblogs s colunas de crnica to comuns em jornais de ontem e de hoje, sendo tambm um formato adotado por algumas emissoras de televiso. Nos weblogs, em vez da coluninha semanal onde tudo pode ser assunto, at a falta de assunto, temos os posts dirios onde tudo pode ser assunto, at para quem no tem assunto.

Mas podemos buscar outra relao entre weblogs e jornalismo, mesmo excluindo os exemplos bvios e raros onde o blogueiro est efetivamente usando seu espao como reprter e fazendo cobertura de eventos. H um elemento comum, alm da estrutura linear-vertical de posts com data, unindo quase todos os weblogs: a grande quantidade de links oferecidos para outros sites, freqentemente para sites da grande mdia. Neste sentido, o weblog pode ser considerado uma espcie de metajornalismo, um filtro personalizado e muitas vezes comentado, com liberdade inclusive para alinhavar fontes distintas num s post, citando e confrontando veculos concorrentes ou pontos de vista conflitantes.

O link talvez o elemento que mais caracterize a experincia da world wide web, e nos weblogs encontrou terreno frtil para uma exploso hipertextual. Jornais, revistas, programas de rdio e televiso, e at mesmo outros sites de notcias, passam pela anlise diria de um exrcito de blogueiros que elogia, critica, acrescenta, desmente, analisa, retruca, questiona, e d a sua prpria verso dos fatos. O caminho de mo dupla, com grandes veculos oferecendo matria-prima aos nanicos, que por sua vez a retrabalham e remetem seus pblicos pequenos porm segmentados de volta origem, mas agora com um verniz crtico diferenciado. A simbiose inescapvel, e a isso que comeam a se render agora os gigantes da mdia, ao menos os mais geis.


pensamentos despenteados para dias de vendaval
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